terça-feira, 28 de agosto de 2007

Galeguinho do Coque

Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabeluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate[1]



Pois é, e eu que achava que Galeguinho do Coque era assim chamado por usar coque, aquele penteado típico das gueixas. Bem, parecia meio estranho, mas até então eu acreditava que este fosse o único significado da palavra coque. Acabei de descobrir que coque também é um tipo de combustível derivado do carvão betuminoso. Ignorante, sou mesmo. Mas, o Coque que compõe o nome de Galeguinho não é derivado do carvão nem de cabelo, é um lugar.

Procurei na internet e achei o texto “O galeguinho que fez a fama do Coque”[2], escrito por Maria Carolina Santos

“Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha. Não tinha medo da Perna Cabeluda...”, cantava Chico Science, em Da Lama ao Caos, sobre o bandido que deu fama ao Coque em meados da década de 1970. A ocupação e a violência na área surgiram bem antes, na passagem do século XIX para o século XX, personificada na figura do capanga. Na época, para garantir a segurança da exportação agrária, os donos de engenho contratavam homens armados para realizar o transporte da carga do Interior até o Porto do Recife. A quantidade de bares e prostíbulos presentes no entorno do Rio Capibaribe logo passaram a seduzir esses homens, que, com a derrocada do setor açucareiro, foram se fixando na área que vai do bairro de São José até o Coque.

A localidade ganhou fama como ponto de desordem e os moradores ficaram conhecidos como “cocudos”, ou seja, gente de cabeça dura e pavio curto. No final da década 1960, o Coque entrou na mídia como um bairro violento, carregando a imagem negativa de que os moradores protegiam os criminosos. O principal responsável por esta má reputação foi o jovem José Everaldo Belo da Silva, nascido na Zona da Mata Sul, que começou a praticar furtos aos 16 anos na região comercial e portuária do Recife.

Não demorou para que o adolescente, considerado bonito e esperto, alcançasse fama e fosse procurado pela polícia de quatro estados do Nordeste. Durante quatro anos ele ficou escondido no Coque, ganhando o apelido que o transformou em personagem lendário da história policial pernambucana. Ainda hoje os moradores mais antigos lembram o dia em que o Galeguinho do Coque assaltou um caminhão de leite em pó e distribuiu na comunidade.

Em 1971, ele foi preso e, na cadeia, se transformou em um homem religioso. Era o provável fim de uma vida de crimes, mas não o fim da violência no Coque. Com a prisão do Galeguinho, o grupo que ele liderava passou a lutar pelo controle da área, dividindo o local em várias regiões de influência, o que permanece até hoje. Ao deixar a cadeia, José Everaldo abriu um pequeno negócio no Alto do Jordão e se casou. Anos depois foi encontrado morto no município de Moreno, com uma bíblia ao lado. Ao invés das palavras sagradas, no entanto, o livro era oco e dentro estava escondido um revólver calibre 38.



[1] “Banditismo por uma questão de classe”

[2] http://media.twango.com/m1/original/0062/6df0b3045fb84486bca8bd6e03ed3b8d.pdf

4 comentários:

Unknown disse...

muito obrigado pela informação!
Átila.

Anônimo disse...

Ótimas informações! É a mística do "bom bandido", protetor da comunidade e considerado herói. Na verdade, um anti-herói!

BRUNA RIOS disse...

Caramba gente! Showwwww de informação! BOM D++++

Unknown disse...

Eu, pessoalmente, estava presente numa das igrejas da Assembléia de D'us, no bairro da Mangueira, próximo ao clube carnavalesco Urso branco, para ver e ouvir o testemunho de galeguinho do Coque! Isso foi nos meados dos anos 70! A versão do autor acima está correta! Parabéns!